Filé

- Olha só, é filé!!! É só ligar e andar.
- Hmmmm....
- Tá revisada, IPVA tudo pago, tudo certinho.
- Certo... Mas... A perte mecânica... tá tudo certinho mesmo? Quando foi feita a última revisão???
- Faz tempo não. (ihhhhhh.... frase estranha... começou!)
- Bom... eu estou com umas ferramentas aqui, posso dar uma olhadinha no estado da vela, só pra checar se não tá queimando óleo, se sabe...
- Sei não, eu não tô dizendo que tá tudo OK. É porque tá.
- Ué... Então não tem problema eu dar uma olhadinha. Peraí que vou pegar a chave...
- Não, não.. peraí... tem que ter autorização do gerente.
- Tudo bem. E onde ele está.
- Sou eu.
- ???
- É o seguinte. é que como sou eu que estou te atendendo, não posso dar o aval de gerente. Você entende, não é?
- Não!
- Rapaz, eu estou envolvido neste impasse, e então não posso fazer um julgamento justo. Eu seria muito parcial.
- (aiaiaiaiaiai)Você não tem que fazer julgamento algum. É só deixar eu olhar a vela. São 2 minutos. Tô comeándp a achar que tem algo de errado aí.
- Nããããããããããoooooo.... De forma alguma. Você acha que vou te vender algo com problema? Você não confia em mim? E a minha reputação fica aonde???
- Colega... Sem querer ser mal educado, mas... é a primeira vez que te vejo, é a primeira vez que entro na sua loja, como posso confiar em você. Ainda mais nestes termos. Você não está deixando eu examinar o produto que quero comprar.
- Mas você deve entender que sou um profissional renomado, trabalho no mercado há 20 anos.
- (deixa pra piada escrota!) Então... pior ainda, lá no mercadão (municipal) não vende moto. Só legume, verdura, frutas e produtos de macumba. Como eu posso confiar num vendedor de legume. Você deve entender muito bem de pepino, linguiça, banana...
- (levemente ruborizado) hehehe... Engraçadinho você né!
- Pois é! Bom... Posso dar uma volta então?
- Claro!
- Então tá. Vou rodar aqui o quarteirão, fica com minha mochila, peraí, minha carteira vai comigo, meu capacete...
- Não! Você não pode sair com ela!
- Ahhhhh!!! Você não disse que eu poderia dar uma volta com a moto.
- Sim, mas não agora.
- E porque não?
- É... é porque só estou eu aqui e não posso ir com você, e você não pode ir sozinho com a moto.
- E aquele camarada ali? Foi ele que chamou você lá na esquina quando cheguei.
- Sim, mas o problema não é a loja ficar sozinha, é que eu não ando de moto.
- Tem medo???
- É...
- Bom... e ele?
- Ele é o segurança, não pode sair.
- Hmpf! Tá e quando chega o outro vendedor.
- Final do mês. Saiu de férias.
- (agora quem está levemente ruborizado sou eu!) Peraí. Deixa eu ver se entendi. Você não pode sair comigo para dar uma volta na moto porque tem medo, ele porque é o segurança e não pode sair, e a única pessoa que poderia está de férias e só volta no final do mês.
- Sim.
- Hmmm... E vocês vendem algo mais além de motos?
- Não! Somos a melhor revenda de motos de toda a região. Os melhores preços...
- Tá, tá, tá. No final do mês eu volto. Lá pro dia 30 de fevereiro tá! T+.
- Mas você nã...
- Tchau!